O Sporting roubou ao Benfica o lugar de clube mais instável, ao optar pela contratação massiva de jogadores estrangeiros em detrimento dos formandos na Academia de Alcochete.
Em menos de quatro anos, com quatro treinadores diferentes em cada início de campeonato, o Sporting já utilizou 62 jogadores diferentes, mais 15 do que o FC Porto usou no mesmo período e contrariando a ideia geral de que seria o Benfica o clube mais instável.
Este é o indicador mais evidente da mudança de gestão desportiva que trocou a aposta firme no desenvolvimento de jogadores formados na Academia para uma dependência do acerto nas escolhas do mercado internacional de segunda categoria. Apenas seis jogadores, dos quais só restam no clube Rui Patrício e Carriço, realizaram pelo menos metade dos 92 jogos dos últimos quatro campeonatos.
O actual seleccionador nacional, Paulo Bento, foi o último treinador a encontrar no lançamento de jovens formandos a solução para a falta de recursos financeiros para discutir nos mercados principais. Depois, a evolução directiva após a presidência de Soares Franco e, sobretudo, o regresso do antigo director desportivo Carlos Freitas conduziram o Sporting a soluções de alto risco, com apostas em jogadores em fases negativas das respectivas carreiras. Em pouco mais de um ano, o número de oriundos de mercados externos lançados na primeira equipa praticamente triplicou e suplanta o de formandos locais.
Esta metamorfose do leão ajuda a explicar a inconsistência dos resultados desportivos, mas tende a aproximar o Sporting dos seus principais rivais, Porto e Benfica, que há muito trocaram as incertezas da Formação pela sensação de segurança que a contratação sonante de jogadores estrangeiros sempre transmite aos adeptos.
A concorrência com valores importados aumentou a dificuldade de imposição dos ex-juniores, a quem é exigido agora um longo e rigoroso tirocínio de empréstimos a outros clubes. Esta época, Cedric e Adrien conseguiram regressar pela porta maior, mas Wilson Eduardo, um dos melhores marcadores portugueses do último campeonato, perdeu a vaga para jovens estrangeiros com um estatuto prioritário, como Carrillo e Jeffren. Um estatuto, todavia, pouco evidente sobre o terreno de jogo.
FORMAÇÃO PERDE PARA ESTRANGEIROS
Em apenas quatro temporadas, de Paulo Bento a Sá Pinto, o Sporting retirou peso à Formação, que desceu de 12 para metade, em contraste directo com as apostas no mercado estrangeiro, cujo número duplicou com o regresso dos dirigentes Luis Duque e Carlos Freitas.
DESINTERESSE NO MERCADO NACIONAL
O guarda-redes brasileiro Marcelo Boeck e o defesa peruano Rodriguez foram as únicas aquisições no mercado nacional nos últimos dois anos.
UTILIZADOS DESDE 2009/10
São 62 os utilizados pelo Sporting nas últimas três épocas, 18 deles na última. Este ano, em duas jornadas, já soma cinco estreias.
Jorge Jesus leva 54 usados na 1.ª Liga, incluindo os 16 na temporada transacta, e, para já, apenas a estreia de Melgarejo este ano.
Com duas renovações de 10 jogadores nas últimas duas temporadas, o FC Porto usou apenas 47 desde 2009, contando já Martinez e Atsu.
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